Não é fácil resumir o percurso e o contributo de João na modernização e desenvolvimento da vitivinicultura da região do Douro. Para começar, temos de recuar à década de 70 do século XX quando ainda se ouvia o chiar de carros de bois transportando pipas para os barcos rabelos. Nessa altura, maioria das Casas de Vinho do Porto estavam em Gaia, longe do Douro, das vinhas, e a profissão de enólogo como a conhecemos hoje ainda não existia em Portugal.

Em 1970, o destino leva-o a estudar enologia em França (Dijon e Bordeaux), com alguns dos nomes mais relevantes da área, tais como Émile Peynaud, Jean Ribéreau Gayon, entre outros. Entusiasmado por todo o conhecimento científico entretanto adquirido, inicia o seu percurso em 1976, na Casa Ramos Pinto como Diretor de Enologia e Viticultura. Encorajado pelo seu tio, José António Ramos Pinto Rosas, então administrador da Casa e com um grande conhecimento da viticultura duriense, inicia uma série de estudos vitivinícolas.

Em 1981, apresentam os resultados de um estudo de castas selecionando 5 tintas e 3 brancas que consideravam ser as mais apropriadas para a produção de vinho do Porto, mas também para vinho seco, vinho do Douro: Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Barroca, Tinta Roriz, e Tinto Cão e brancas Rabigato, Viozinho e Arinto. Esta seleção, mais tarde, foi amplamente adotada pela região.

Com o apoio do seu tio e da Casa Ramos Pinto, João continua a desenvolver vários estudos com resultados aplicados e verificados, colaborando com vários especialistas. Introduz a plantação de vinha ao alto para uma melhor mecanização e maior densidade de plantação, estuda e seleciona porta-enxertos, estuda e implementa sistemas de irrigação.  Foi partilhando sempre a informação obtida, pois tinha como objetivo não só melhorar a qualidade das vinhas e vinhos da empresa, mas também contribuir para o desenvolvimento vitivinícola da região.

Em 1990, João lança o primeiro vinho tinto seco da Ramos Pinto, o Duas Quintas, um dos primeiros a abrir portas para uma nova era do Douro. Em 1994 lança o Duas Quintas branco.

Torna-se assim num percursor da modernização da vitivinicultura duriense, acumulando uma série de distinções a nível nacional e internacional como “Man of the Year 1998” pela revista Wine & Spirits, Doutor Honoris Causa pela Universidade de Vila Real, Grande Oficial da Ordem de Mérito Agrícola da República Portuguesa, Cavaleiro da Ordem de Mérito Agrícola da República Francesa, entre outras.

No ano 2000, conjuga as funções de Diretor de Enologia e CEO da Casa Ramos Pinto, reformando-se em 2017. Dedica-se então por inteiro à nova aventura familiar em conjunto com os seus filhos.